Abaixo o depoimento escrito pelo Seu Mário. Vale a pena conferir.
"No início do ano de 1969 alguns amigos meus me procuraram em
minha casa com o convite de nos matricularmos na Escola Prof. Yone Dias de
Aguiar. É claro que não falaram o nome inteiro da escola, só o “Yone”, mas deu
para entender. Era o primeiro ano em que ia ter uma classe de 8ª série à noite
e não podíamos perder a oportunidade de concluir o Ensino Médio e pegar um
diploma.
Eu havia cursado a 7ª série na cidade de Aparecida do Norte,
em um seminário de padres redentoristas no ano de 1965, portanto já faziam 3
anos que eu não freqüentava uma escola. Quando recebi o convite não respondi de
pronto. Desde aquela época eu já gostava de ler e escrever, mas a ideia de
ficar “preso” em uma sala de aula não me agradava nem um pouco. Aí eu pensei:
se já éramos colegas de jogar futebol, de pescar e de acampar no mato, então
por que não sermos também colegas de escola? Vocês não vão querer que eu me
lembre do dia em que começaram as aulas, só sei que naquele dia estávamos todos
lá.
A classe tinha cerca de 40 alunos e a proporção entre os
sexos era equilibrada. Pelo que me lembro eu era o decano da turma. Naquele
tempo a escola não era tão grande, não alcançando nem a metade do que é hoje.
Só havia salas de aula no pátio onde hoje está a árvore “sete copas” e só havia
6 salas.
A atual sala nº 1 e o laboratório não existiam ainda. O
portão de entrada e saída dos alunos era no rumo onde hoje é a sala nº1 e, é
claro, os banheiros eram bem menores que os atuais. O pátio era de terra e as
árvores que o sombreavam eram um “flamboyant” vermelho e um jacarandá mimoso de
flores bem azuis, dentro de dois canteiros de flores e folhagens cercados por
tijolos inclinados. As demais salas de aula, cantina, coordenação , barracão e
cozinha não existiam nem nos sonhos. Aliás, boa parte da escola nem muro tinha,
apenas uma cerca. Havia muitos terrenos vazios ao redor da escola e
frequentemente alguns alunos atravessavam a cerca e através de uma trila iam
até o “Bar do Macaco” tomar um “esquenta tripa”.
A nossa classe era animada e não me lembro de nenhuma briga
entre nós. Mesmo na escola toda as brigas não eram freqüentes. A educação de
adolescentes e jovens eram bem diferentes do que vemos hoje. Os alunos
procuravam honrar o pai e a mãe para evitar que eles passassem vexame e ter de
perder honrar de trabalho, atendendo convocações da escola, como vemos hoje.
Claro que havia alguma desavença ou mal entendido entre aluno e professor, mas
ninguém era mal educado ou “bocudo”, porque quem mandava nos filhos eram os
pais, e não esse monte de leis que só estragaram os jovens, em vez de
ajuda-los. Quando se falava em mandar alguém para a diretoria o aluno suava
frio, pois sabia que o castigo viria da escola e dos pais. As alunas sabiam se
valorizar; ouviam os conselhos da mãe, da avó ou das tias e não eram tão
vulgares e “oferecidas” como hoje. Eram recatadas e raramente precisavam ser
punidas. De 10 ou 15 alunos que iam para a diretoria, apenas 1 era menina. Não
vou citar o nome de nenhum colega de classe, pois infelizmente não lembro o
nome de todos e seria injustiça esquecer alguém. Alguns já morreram, outros são
vistos de vez em quanto, outros mudaram de cidade.
O ano passou rápido e logo chegaram as provas finais, que
consistiam em exame escrito e exame oral. Pelo que fiquei sabendo, apenas dois
colegas não conseguiram ser aprovados. Na escola haviam apenas duas
funcionárias serventes, que eram D. Maria e a D. Leonor. Naquela época eu nem
imaginava que algum tempo depois eu viria trabalhar aqui no Yone, mas isso já é
outra história."
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