O dia das Mães vem chegando, com certeza uma data nobre, para um figura nobre.
Quero então aproveitar a oportunidade para falar de uma mãe em especial desse nosso Brasil.
Seu nome é Carolina Maria de Jesus.
Ela nasceu em 14 de março de 1914, em Sacramento - Minas Gerais, onde passou sua infância e adolescência.
Carolina foi mãe de três filhos. Moradora da favela de Carindé - SP. Estudou apenas dois anos. Escreveu mais de 4.500 páginas à mão.
Seu primeiro livro "Quarto de despejo - diário de um favelada" vendeu 10 mil exemplares na primeira semana, e posteriormente foi traduzido para 14 idiomas.
No livro, Carolina aborda a vida sofrida da favela, a convivência diária com a fome, a violência, a miséria e a total desatenção da sociedade e dos políticos. Mas ela mescla entre essas palavras doloridas, fagulhas de sonhos de dias melhores. Ela, em meio à sua dor e desesperança, leva a vida no braço, e a poesia no olhar.
Carolina foi catadora de papel, e de tudo mais que pudesse ser útil para sua sobrevivência e para sobrevivência dos seus filhos.
Através das suas páginas o Brasil da década de 50/60 voltou os olhos para a classe renegada, os "lixões da cidade" segunda ela mesma.
Carolina Maria de Jesus faleceu em 13 de fevereiro de 1977, mas sua voz ainda ecoa, e vai continuar ecoando, mostrando a realidade de uma sociedade à parte, abandonada às próprias chagas.
Nossa biblioteca conta com um único e raro exemplar de "Quarto de despejo", o segundo milheiro do livro mais famoso da escritora, ainda com o autógrafo da mesma. Aluno, leia, vale muito a pena!
"...Eu prefiro empregar o meu dinheiro em livros do que no álcool. Se você achar que eu estou agindo acertadamente, peço-te para dizer:
- Muito bem, Carolina!"
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Abaixo um poema inspirado nas guerreiras desse nosso Brasil:
Mulher - brasil
Maria, jogadora de capoeira com a vida, vira de cá, vira de lá, não se
ofende Maria.
Maria grande, forte, cansada, bela.
Maria, mulher-quilombo, mulher-batuque-tambor, Iemanjá,
mulher-povo, mulher-todos.
Maria, mulher-trovão-tempestade, rugido-fragilidade,
mulher-canção, mulher-garra, mulher-grito; mulher-lágrima,
mulher-sorriso.
Maria, mulher-fogo na cidade de Homens frios,
mulher-fé, mulher-suor, mulher-deusa.
Maria em minha mente, ao meu lado, parte de mim;
mulher admirável.
Maria, negra-bela, flor-de-laranjeira;
solitária, companheira, amável.
Maria, mulher-força, mulher-dor-amor.
Maria, mulher-terra, mulher-mãe.
Maria: mulher-brasil.